sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Sinais do Fim: Técnica cria esperma feminino e óvulo masculino e elimina a necessidade do homem

Fêmeas podem produzir espermatozoides e machos conseguem fazer óvulos. Parece loucura, mas pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão, descobriram que é possível.
 [Imagem: ercuh1.jpg]

Uma nova pesquisa japonesa sugere ser possível, no futuro, que cientistas desenvolvam células reprodutivas masculinas e femininas do sexo oposto. Em outras palavras, criem espermatozoides de mulheres e óvulos de homens. Katsuhiko Hayashi, da Universidade de Kyoto, publicou uma pesquisa em que células da pele de camundongos foram usadas para criar células-tronco germinativas primordiais (CGP). Estas células — precursoras comuns dos gametas sexuais de ambos os gêneros — foram, então, transformadas em espermatozoides e óvulos.

Embora as técnicas envolvidas ainda estejam no seu início, as possibilidades para a medicina reprodutiva são surpreendentes. Não só a pesquisa de Hayashi e seu orientador Mitinori Saitou poderia permitir que mulheres inférteis tenham filhos ao obter óvulos a partir de suas células da pele, como ela poderia tornar possível que espermatozoides e óvulos sejam produzidos indistintamente.

O método foi testado em camundongos. Em linhas muito gerais, o processo começa com a extração de células-tronco de embriões em estágio inicial e de células somáticas — qualquer outra que não seja gameta ou de embrião. Depois, elas são convertidas em células germinativas primordiais usando “moléculas sinalizadoras”. As CGPs são então transplantadas para ovários e testículos de camundongos vivos para que se desenvolvam. Uma vez amadurecidas, são finalmente extraídas e utilizadas para fertilizar uma outra, in vitro.

[Imagem: mouse_egg_babies.jpg]
Filhotes de ratos derivados de células-tronco pluripotentes induzida. Imagem de Katsuhiko Hayashi

A pesquisa inicial foi realizada em outubro do ano passado, e os camundongos que nasceram da experiência demonstraram que a criação de células germinativas tinha sido bem-sucedida. Desde então, cientistas de todo o mundo têm percebido o potencial da pesquisa, e a equipe de Hayashi está envolvida em estudar como o seu trabalho pode ser aplicado em seres humanos.

Em artigo na revista “Scientific American”, David Cyranoski disse que outros pesquisadores têm replicado a produção de CGPs, mas continuam incapazes de produzir qualquer filhote vivo. Os cientistas também têm muitos outros obstáculos a superar, incluindo a “frágil” e “deformada” produção de óvulos.

“Mas”, escreve Cyranoski, “o mais formidável desafio será repetir em seres humanos a pesquisa feita em camundongos”. Isto porque as “moléculas sinalizadoras” usadas para criar as CGPs são muito mais complexas em seres humanos do que em roedores. A pesquisa é dificultada ainda pelo restrito acesso a embriões humanos para experiências.

A equipe japonesa liderada por Saitou e Hayashi está usando embriões de macacos como um trampolim entre as espécies. Em declaração à “Scientific American”, Hayashi prevê que eles poderiam ter sucesso com primatas dentro cinco ou dez anos, com a criação de células germinativas primordiais em seres humanos “pouco tempo depois”.

No entanto, mesmo que o processo seja repetido com sucesso em macacos, ainda haverá diversos obstáculos que podem levar anos para serem superados.

Já se sabe, por exemplo, que células-tronco embrionárias desenvolvidas em laboratório frequentemente adquirem várias mutações genéticas. Os cientistas concordam que a pesquisa é interessante, mas ponderam que serão necessários muitos anos antes que qualquer tratamento viável para a infertilidade fique disponível para uso em medicina.

Cientistas britânicos afirmam ter criado espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea feminina abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução.

A experiência vem sendo desenvolvida por especialistas da Universidade de New Castle que, em abril do ano passado, anunciaram ter conseguido transformar células-tronco da medula óssea de homens adultos em espermatozóides imaturos.

Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que agora os cientistas repetiram a experiência com células-tronco da medula óssea de mulheres, podendo "abrir caminho para a criação do espermatozóide feminino".

No trabalho, ainda não publicado, Nayernia disse à New Scientist estar esperando a "permissão ética" da universidade para dar continuidade ao trabalho, que consistiria em submeter os espermatozóides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação do espermatozóide, tornando-o apto para a fertilização.

"Em princípio, eu acredito que isso seja cientificamente possível", disse Nayernia.

O estudo, afirma a revista, poderia possibilitar que um dia, casais de lésbicas poderão ter filhos sem a necessidade de um homem, já que o espermatozóide de uma mulher poderia fertilizar o óvulo da outra.

No Brasil
A New Scientist ainda relata uma experiência que está sendo realizada por cientistas brasileiros no Instituto Butantan, em São Paulo.

Segundo a revista, os especialistas estariam desenvolvendo óvulos e espermatozóides a partir de uma cultura de células-tronco embrionárias de ratos machos.

A revista cita o trabalho publicado pelos brasileiros na revista especializada Cloning and Stem Cells (Clonagem e células-tronco, em tradução literal), em que os pesquisadores disseram ainda não ter provado que os óvulos masculinos poderão ser fertilizados e procriar.

"Estamos agora começando experimentos com céulas-tronco embrionárias humanas e, se bem-sucedidos, o próximo passo será ver se óvulos masculinos poderão ser feitos a partir de outras células", disse a coordenadora da pesquisa, Irina Kerkis. (esta Drª e seu esposo estão envolvidos no caso do médico Roger Abdelmassih)

Essas outras células, que se comportariam de maneira semelhante às embrionárias, poderiam ser encontradas na pele humana, afirma a revista.

Isso abriria a possibilidade para que casais gays masculinos também tenham filhos com 100% de seu material genético. Nesse caso, um dos homens doaria células de sua pele, que seriam transformadas em um óvulo a ser fecundado pelo espermatozóide do parceiro.Uma vez fertilizado, o óvulo seria implantado no útero de uma mulher. "Eu acredito que isso seja possível, mas não sei como as pessoas encarariam isso de forma ética", disse Kerkis.

Isso levanta também a possibilidade de casais lésbicos um dia ter filhos que compartilham ambos os seus genes como esperma criado a partir da medula óssea de uma mulher poderia ser usada para fertilizar um óvulo de seu parceiro.

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