domingo, 1 de junho de 2014

Obama nomeia Rússia e China como principais adversários potenciais dos EUA

Barack Obama, China, Rússia
“As agressões regionais que ficam impunes, aconteça isso no sul da Ucrânia ou no mar da China Meridional, poderão acabar por atingir nossos aliados e por envolver nossas forças armadas”, declarou Barack Obama no seu discurso perante os graduados da Academia de West Point. Esta foi a primeira vez nas últimas décadas que um presidente norte-americano aponta a Rússia e a China, em conjunto, como sendo a origem de uma ameaça militar.

O fato de essas declarações serem proferidas ao mais alto nível é uma prova do caos e da desorientação em que se encontra a liderança norte-americana. Durante muitos anos, o objetivo dos EUA foi não permitir uma grande aproximação entre a Rússia e a China, e muito menos o surgimento de uma aliança militar.

Contudo agora, numa situação em que tanto Moscou como Pequim continuam, pelo menos nas palavras, a negar seu interesse em formar um bloco político-militar, é o próprio presidente norte-americano que os une na qualidade de potenciais adversários militares dos EUA.

É possível que esse discurso apenas reflita a lógica do desenvolvimento das relações internacionais na forma como a entendem os Estados Unidos. Os norte-americanos praticaram durante décadas uma política de contenção da Rússia na Eurásia e da China na Ásia Oriental, apesar de o negarem verbalmente. Ao levar a cabo essa política, os EUA também tentaram de todas as formas criar um distanciamento entre Moscou e Pequim. Neste momento já é evidente que essa estratégia fracassou. Com a sua política, os norte-americanos apenas tornaram inevitável a aproximação russo-chinesa.

Ainda estamos longe da formação de uma aliança formal. Mas, se ela surgir, os EUA e seus aliados irão enfrentar uma ameaça que fará a antiga confrontação com a URSS parecer uma brincadeira de crianças.

A China e a Rússia são a segunda e a quinta economias mundiais e ambas fazem parte das três maiores potências militares. Entretanto, a Rússia continua a possuir o maior arsenal nuclear do mundo, composto por armas nucleares estratégicas e táticas, e a China – as maiores forças terrestres convencionais. Suas economias se complementam e a extensão de suas fronteiras comuns permite realizar trocas comerciais por via terrestre e em segurança.

A Rússia e a China possuem gigantescas reservas em ouro e divisas e são grandes credores dos países ocidentais. Com uma estreita cooperação militar e econômica, Moscou e Pequim serão quase invulneráveis a pressões ocidentais.

Os EUA são a potência mais poderosa do mundo, e muitos pensam que cada passo que eles dão segue algum plano complexo. Na realidade, os atos dos EUA se baseiam numa percepção deturpada da realidade. Frequentemente eles resultam de simples incompetência, de previsões erradas e de simples erros táticos. Um desses erros foi a pressão exercida simultaneamente sobre Moscou e sobre Pequim, o que acaba por aproximá-los ainda mais. Ao juntar uma aliança anti-chinesa na região da Ásia e Pacífico e ao reforçar as sanções contra a Rússia, Washington praticamente não deixa outra alternativa à Rússia e à China.

Uma aliança política e militar russo-chinesa tem, por enquanto, apenas um caráter hipotético, mas os próprios Estados Unidos aceleram a criação desse cenário, que para eles será de pesadelo.

Numa perspectiva de longo prazo, o reforço de uma parceria russo-chinesa conduz à perda pelos EUA da sua liderança global. Mesmo nos países aliados dos Estados Unidos suas ações provocam uma crescente irritação mal disfarçada.

Contudo, numa perspectiva a curto prazo, a política dos EUA irá provocar periodicamente uma inútil desestabilização e caos, como temos tido a oportunidade de observar na Síria e na Ucrânia.

Voz da Russia
DeOlhOnafigueira

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