segunda-feira, 17 de março de 2014

Obama diz a Abbas que é preciso correr riscos para alcançar a paz

O presidente americano, Barack Obama, declarou nesta segunda-feira ao líder palestino, Mahmud Abbas, que ele precisará correr riscos para alcançar a paz, em uma reunião na Casa Branca para tentar destravar as negociações com Israel.
 
Duas semanas depois de ter encorajado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a tomar decisões difíceis, o presidente dos Estados Unidos afirmou que "chegou o momento de as duas partes (...) aproveitarem a oportunidade" atual para alcançar a paz.

"É muito duro, muito árduo, precisará tomar decisões políticas difíceis e assumir riscos se quiser avançar", disse Obama à imprensa no Salão Oval da Casa Branca.

Obama se referiu ao seu convidado Abbas como alguém que "renunciou à violência, que buscou constantemente uma solução diplomática e pacífica que permita que dois Estados vivam um ao lado do outro com paz e segurança".

Este objetivo "é, evidentemente, difícil de alcançar, e é por isso que levamos décadas para chegar onde estamos", acrescentou o presidente americano.

Já o líder palestino disse a Obama que Israel pode mostrar sua seriedade nas negociações, atualmente congeladas, libertando o último grupo de prisioneiros para cumprir seus compromissos de julho de 2013.

Foi nesse mês que as negociações entre israelenses e palestinos foram retomadas, incentivadas pelo secretário de Estado americano, John Kerry.

- Apoio a Abbas na Cisjordânia -

Atualmente, o objetivo é alcançar um acordo-quadro que defina os pontos principais de um acordo de paz, e que incentive as duas partes a manterem as conversas depois da data limite de 29 de abril.

O acordo-quadro abordaria questões como as fronteiras, as colônias israelenses em território palestino, segurança, o estatuto de Jerusalém e a situação dos refugiados palestinos.

Abbas afirmou nesta segunda que a liberação dos prisioneiros até 29 de março "nos daria um sinal muito claro da solidariedade dos israelenses com o processo de paz".

Os dirigentes palestinos manifestaram fortes reservas sobre as propostas americanas, em especial relacionadas ao reconhecimento de Israel como Estado judeu e à manutenção ilimitada de tropas israelenses em território palestino, duas exigências de Netanyahu que os palestinos consideram inaceitáveis.

O líder palestino fez referência indireta a uma dessas questões, ao lembrar que em 1993 as autoridades palestinas já tinham reconhecido o Estado de Israel", referindo-se ao processo de paz de Oslo, que posteriormente entrou em colapso.

No domingo, depois do encontro entre Kerry e Abbas, um funcionário do departamento de Estado informou que o chefe da diplomacia americana havia pedido ao seu interlocutor que trabalhasse para reduzir as enormes diferenças com Israel.

Kerry reconheceu na quarta nunca ter visto um nível parecido de desconfiança entre as duas partes, e que um acordo de paz, apesar de possível, era "difícil".

Durante o encontro desta segunda na Casa Branca, seguido por um café da manhã, milhares de palestinos participaram de manifestações de apoio a Abbas em toda a Cisjordânia. Os atos reuniram mais de 5.000 pessoas em Nablus (norte), cerca de 1.500 em Ramallah e mais de 1.000 em Hebron (sul), de acordo com jornalistas da AFP.

Abbas também recebeu o apoio do presidente israelense, Shimon Peres, que exerce funções protocolares. A iniciativa surpreendeu vários ministros do governo de direita, para os quais o presidente palestino não está habilitado para participar das negociações.

"O presidente Abbas é um homem de princípios, é contra o terrorismo e a violência. É um bom parceiro, e estou feliz que o nosso governo negocie com ele", declarou Peres, em um comunicado da presidência.
 
AFP
DeOlhOnafigueira

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