terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Palestinos aplaudem filme contra a ocupação de Israel indicado ao Oscar

Documentário '5 broken cameras' teve exibição pública nesta segunda.
Diretor usou uma câmera amadora em projeto quase sem orçamento.
 
 
Cartaz do documentário '5 broken cameras', indicado ao Oscar em 2013; longa trata da luta dos palestinos contra a ocupação de Israel (Foto: Divulgação)
O filme "5 broken cameras", indicado ao Oscar de melhor documentário neste ano, foi exibido aos palestinos pela primeira vez nesta segunda-feira (28), deixando a plateia otimista com a repercussão global do longa-metragem para sua luta contra a ocupação israelense.

Com uma câmera amadora e quase sem orçamento, o jornalista Emad Burnat passou cinco anos documentando protestos semanais contra confiscos de terras realizados por forças israelenses e colonos judeus na aldeia palestina de Bil'in, na Cisjordânia ocupada.

Vizinhos são mortos nos protestos, e equipamentos de demolição pontuam a paisagem, enquanto o cineasta captura a rápida perda da inocência do seu filho pequeno, como mostram as primeiras palavras que ele aprende: "muro" e "exército".

"Este é um filme para aqueles que foram martirizados. É maior do que eu e maior do que Bil'in. Mais de 1 bilhão de pessoas acompanham o Oscar, e agora saberão da nossa luta", disse Burnat após a exibição. "5 broken cameras" concorre com outros quatro filmes, incluindo o documentário israelense "The gatekeepers", reunindo depoimentos de seis ex-chefes de serviços de inteligência israelenses.

Embora com perspectivas muito diferentes, os dois documentários compartilham de uma mensagem surpreendentemente similar: que a ocupação israelense na Cisjordânia é moralmente errada e deve acabar.

O filme de Burnat foi aplaudido de pé na pré-estreia em Ramallah, capital administrativa dos palestinos. "O filme mostra ao mundo todo o que é a ocupação. Ela eliminou a felicidade do rosto do menino numa idade muito tenra. Essa tem sido a experiência para todos nós", disse o taxista Ahmed Mustafa, que levou mulher e filho à sessão. "Mas nem tudo é ruim. Ele mostra que há progressos, que há vitórias, e que nossa causa ainda está viva e avançando."

Em 2007, a Alta Corte israelense considerou que a barreira de separação construída por Israel em Bil'in era ilegal, e ordenou um novo traçado, o que animou os ativistas. A sentença só seria implementada em 2011, mas os protestos continuam.

Na sessão desta segunda, humildes aldeões usando lenços palestinos quadriculados e elegantes moradores urbanos partilharam das mesmas reações viscerais a cenas que são habituais na imprensa, mas que raramente aparecem em um longa-metragem.

A imagem de oliveiras reduzidas a brasas depois de serem queimadas por colonos judeus causa óbvia perplexidade na plateia. "Ai, Deus!", disse um homem. Mas, quando a câmera de Burnat se volta para os cânticos desafiadores entoados com o sotaque de Bil'in, ou quando pedras são atiradas na direção de jipes israelenses em fuga, o público aplaude extasiado.

O filme foi codirigido pelo cineasta e ativista israelense Guy Davidi. Essa associação levou algumas pessoas a classificarem "5 broken cameras" como um filme israelense, e um festival do Marrocos o rejeitou por esse motivo.
 
G1.Globo
DeOlhOnafigueira

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