quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Perfídia dos islâmicos moderados

Seria possível apostar nos terroristas ou nos islâmicos que, por vezes, se apresentem na qualidade de oposicionistas?

irmandade muçulmana próximo orienteFoi precisamente assim que o Ocidente procedeu ao apoiar as forças que substituíram os regimes inconvenientes de vários países árabes. Os peritos advertem que isso vai atingir de ricochete o próprio Ocidente.

No Oriente Médio existe o ditado: “Eu prometi mas não prometi cumprir”. Os europeus e norte-americanos tentaram fazer acordo com os chamados “islâmicos moderados” que detêm agora o poder na Líbia, Tunísia e Egito, e tentam derrubar o regime de Bashar al-Assad na Síria. Não entendem que no mundo árabe a gente ocidental é considerada um bando de simplórios ingênuos, que podem ser enganados e aproveitados com facilidade. O preço desta ingenuidade resulta demasiadamente alto, - afirma o diretor do Instituto do Próximo Oriente Evgueni Satanovski.

"Os norte-americanos tambem pensavam que tinham encontrado um instrumento muito bom na pessoa dos “mujahidees” para combater os soviéticos no Afeganistão. E a 11 de setembro os mujahidees “agradeceram” aos americanos este apoio em Nova York e em Washington. A França fez o possível para derrubar os tiranos na Líbia e agora cuida de derrubá-los tambem na Síria. O problema consiste em que talvez seja possível fazer acordo com um só “tigre raivoso”. Mas o que fazer se em seu lugar surgem dez mil “ratazanas raivosas”?"

Ao dar início à guerra na Líbia, a França já abriu o caminho para os seus próprios “11 de setembro”. O perito explica que Kadhafi “alimentava” 23 de mais de 50 regimes africanos e em todos estes países a situação era mais ou menos estável. Quando o seu regime caiu, 18 milhões de africanos começaram a avançar rumo ao mar Mediterrâneo. Em breve esta gente fará uma tentativa de penetrar na Europa, em primeiro lugar, na França. Inicialmente, uns cem mil por ano, e dentro de dez anos, um milhão por ano. A bomba de ação retardada, preparada para o Ocidente, já começou a contar segundos.

A essência da Irmandade Muçulmana, de que o Ocidente gostou tanto, é a combinação do terrorismo e de métodos políticos de luta. Basta ouvir os sermões de Yusuf Qardhawi, um dos seus lideres mais populares, no canal de televisão Al-Jazeera. Este homem nem faz segredo do fato de que é grande admirador de Hitler. Ao mesmo tempo é preciso constatar que o processo de radicalização de “islâmicos moderados” em diversos países decorre de diversas maneiras e que na Síria ele está mais avançado do que no Egito.

Yuri Naguirniak, diretor do Fundo de Veteranos dos Órgãos de Proteção da Ordem Pública, não vê, de um modo geral, nenhuma lógica nas ações dos EUA nesta região.

"Os EUA não somente provocam a situação em geral: cada seu passo político de grande envergadura agrava a situação e engendra novas ameaças. Admito que eles não gostem do regime em vigor na Líbia e em vigor na Síria, mas em qualquer hipótese não podem deixar de compreender que aquilo que vai surgir em seu lugar se constituirá numa ameaça terrorista muito mais séria, - tanto para os EUA, como para o mundo ocidental."

A Rússia também cometeu erros no tocante aos islâmicos, - reconhece Evgueni Satanovski. "Tivemos a idéia de que seria bom estabelecer relações com os islâmicos e que em caso de necessidade eles resolveriam a situação fazendo uma “ligação” necessária . Quando foi preciso, - isto é, quando no Iraque foram raptados os nossos diplomatas, - tentamos utilizar este canal através do HAMAS. Soube-se que eles não podiam fazer nada, - os diplomatas foram mortos."

Enquanto o Ocidente não se conscientiza do perigo que os chamados “islâmicos moderados” representam, o seu enfoque a respeito dos métodos de luta contra o terrorismo será diferente do respectivo enfoque russo. Na opinião de Yuri Naguirniak, estes métodos são seguintes:"O primeiro e o mais importante meio da profilaxia é evidente: é preciso evitar desestabilizar os países do mundo islâmico, - seja qual for a forma da desestabilização e os seus objetivos. Qualquer desestabilização nestes países acarreta inevitavelmente a radicalização de correntes políticas. 
Daí vem o segundo meio de profilaxia – não ir a reboque da política dos EUA que cuidam dos seus próprios interesses sem pensar no que vai ocorrer amanhã, - no mundo árabe, na Ásia Central e no Afeganistão. O terceiro meio é realizar uma coordenação mais estreita na base do compromisso de interesses entre todos os países que enfrentam ameaças potenciais."
Voz da Rússia

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